“Todo ser que respira louve ao Senhor” Salmo 150.6
O louvor tem sido cada vez mais valorizado e praticado pelos cristãos. Compositores, cantores e instrumentistas têm se dedicado muito, o Senhor tem abençoado, e a qualidade da música cristã vem melhorando bastante nas últimas décadas. Por outro lado, a falta de conhecimento ainda produz erros diversos e impede que muitas pessoas alcancem o nível de adoração que o Senhor deseja. É, portanto, oportuno que empreendamos um exame bíblico e uma análise do tema que nos permita avaliar nossa realidade e nossos conceitos nessa importante área da prática cristã. Esta é a primeira de uma série de mensagens, nas quais estaremos abordando vários aspectos ligados ao louvor e à adoração, buscando, assim, o conhecimento que nos ajude a oferecer ao Senhor o melhor dos nossos lábios e do nosso coração.
É importante ressaltarmos a diferença entre louvor e adoração. Louvor é elogio. É expressão de reconhecimento das qualidades de alguém ou de seus atos. Tal expressão normalmente se faz através de palavras. Quando dizemos: “Senhor, tu és maravilhoso”, isto é louvor. Quando dizemos: “Senhor, muito obrigado pelo alimento”, isto é ação de graças, agradecimento. A adoração, por sua vez, é uma atitude espiritual, caracterizada por um amor intenso, reconhecimento da majestade divina e se traduz em disposição para servir ao Senhor. A adoração é interior, mas pode ser acompanhada de gestos exteriores, tais como o levantar das mãos, em sinal de rendição, ou o ajoelhar ou o prostrar-se diante do Senhor.
O louvor pode ser dirigido a Deus ou aos homens (Pv.27.21; Pv.31.30; Rm.3.3; II Cor.7.14). Afinal, louvor é elogio. A bíblia diz que o próprio Deus louvará aos salvos (I Cor.4.5). A adoração, porém, só pode ser dirigida a Deus. “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto” (Mateus 4.10; Ap.19.10).
Podemos louvar ao Senhor com nossas palavras, declarando seus atributos e a grandeza dos seus feitos. Esta é também uma forma de testemunho da nossa fé. Podemos fazer isto falando ou cantando. Vemos, portanto, que louvor não é sinônimo de música, como muitos consideram. É preciso que compreendamos isso. O louvor a Deus, antes de ter uma forma musical, precisa ser uma experiência pessoal e espiritual. É maravilhoso cantar as canções que outros irmãos fizeram, mas é também importante que cada pessoa louve ao Senhor com suas próprias palavras, falando ou cantando sobre sua própria realidade e sua experiência com Deus. Louvor é uma forma de oração.
O louvor existe, não para ser um elemento a mais no culto, nem para servir como entretenimento. Sua beleza muitas vezes nos deixa maravilhados, mas isso não é o mais importante. Muitas vezes ficamos preocupados com as questões técnicas do louvor musical e nos esquecemos dos fatores espirituais. Tudo isso tem a sua importância, mas o espiritual precisa ser priorizado, embora não sirva como desculpa para a deficiência técnica.
Como ministros de louvor, trabalhamos muito para a sua realização, e da melhor forma possível. Precisamos, porém, estar atentos para o objetivo do que fazemos. O louvor foi realizado, mas... foi eficaz? Produziu efeitos? Muitas pessoas nem imaginam que o louvor possa produzir algum efeito. Mas vejamos o que diz o texto de Atos 16.25-26: “Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam. De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos.” Nesse episódio, o efeito do louvor foi a libertação dos cativos. O poder de Deus se manifestou naquele lugar.
O louvor precisa sair do coração do homem, inspirado pelo Espírito Santo, e alcançar o coração de Deus. Existem muitas questões implícitas nessa frase, muitos aspectos que viabilizam ou bloqueiam o verdadeiro louvor, conforme estudaremos nos próximos artigos. Quando conseguimos alcançar o coração de Deus e agradá-lo, então o Senhor libera o seu poder de tal maneira que naquele ambiente, onde o verdadeiro louvor se realiza, a ação de Deus acontece, os demônios não podem permanecer (I Sm.16.16; Salmo 149.6-9), os oprimidos são libertos e há uma “atmosfera celestial”, propícia à ação do Espírito Santo e adequada para o pronunciamento da mensagem profética (II Rs.3.15-16).
Que o Senhor nos abençoe para que o nosso louvor seja aperfeiçoado como instrumento do Espírito Santo no meio do seu povo.
Por Anísio Renato de Andrade - Bacharel em Teologia
Professor da Fatef - Faculdade Aplicada de Teologia e Filosofia
www.anisiorenato.com
anisiorenato@ig.com.br
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